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HISTÓRIA
A menina que sou, a mudança que lidero: Meninas na linha da frente da crise

Hoje, 11 de Outubro, assinala-se o Dia Internacional da Menina sob o lema “A menina que sou, a mudança que lidero: Meninas na linha da frente da crise”. Em Angola, onde persistem desigualdades estruturais, este dia é um apelo urgente à escuta activa das adolescentes e ao reconhecimento do seu papel como líderes comunitárias e agentes de transformação.

Desde 2012, o Dia Internacional da Menina tem sido promovido pelas Nações Unidas como uma oportunidade para destacar os direitos das meninas e os desafios únicos que enfrentam em todo o mundo. Este ano, o tema escolhido reflecte a urgência de colocar as raparigas no centro das respostas às crises, sejam elas sanitárias, climáticas, educativas ou sociais.

Segundo o relatório Girl Goals: O que mudou para as meninas? (UNICEF, UN Women & Plan International, 2025), 122 milhões de meninas continuam fora da escola em todo o mundo, e quase 50 milhões não sabem ler nem escrever uma frase simples. Em países de baixos rendimento, 9 em cada 10 meninas adolescentes não têm acesso à Internet, o que limita gravemente o seu acesso à informação, à educação e à participação cívica. Estes números revelam que, apesar dos progressos alcançados nas últimas décadas, as raparigas continuam a enfrentar barreiras desproporcionadas no acesso a oportunidades, especialmente em contextos de vulnerabilidade.

Em Angola, os desafios são igualmente significativos. A pobreza, o abandono escolar, os casamentos precoces e a violência baseada no género afectam de forma particular as adolescentes, sobretudo nas zonas rurais.

Para compreender melhor as percepções da juventude angolana sobre o papel das meninas na liderança, o UNICEF Angola realizou um inquérito nacional através da plataforma SMS Jovem – U-Report, com 7.068 participantes entre os 15 e os 35 anos. Os dados recolhidos revelam percepções profundas sobre liderança feminina, estereótipos de género e os caminhos possíveis para a transformação social.

Meninas como líderes: crença e obstáculos

À pergunta “Acreditas que as meninas podem ser líderes e ajudar a melhorar a comunidade?”, 43% dos jovens responderam afirmativamente e com convicção, enquanto 22% reconheceram esse potencial, desde que haja apoio comunitário. Outros 22% apontaram a falta de competências e oportunidades como entraves, e 13% afirmaram que a comunidade não está preparada para aceitar meninas em cargos de liderança.

Estes dados revelam uma juventude consciente do valor das meninas, mas também das barreiras estruturais que limitam o seu protagonismo. A liderança feminina é reconhecida, mas continua condicionada por factores externos como o apoio social, o acesso à formação e a persistência de estigmas.

 O que torna uma boa líder?

A resposta foi clara: 81% dos jovens consideram que visão, coragem e confiança são os elementos mais importantes para que uma menina se torne uma boa líder. Apenas 5% referiram a educação universitária, 6% a independência financeira, e 3% a idade como factor determinante.

Este resultado aponta para uma valorização da força interior e da iniciativa, acima de títulos ou estatuto. É uma geração que reconhece que a liderança começa na atitude e na convicção, mesmo em contextos adversos.

Os Estereótipos de género ainda persistem

Apesar dos avanços, os estereótipos de género continuam presentes. 14% dos jovens ainda acreditam que o lugar da menina é em casa, e 8% consideram que elas não são boas para liderar. Por outro lado, 30% afirmam que, com oportunidade, as meninas podem liderar bem, e 49% rejeitam completamente a ideia de que o género define a capacidade de liderança.

Estes números mostram que, embora haja uma maioria progressista, a mentalidade tradicional ainda resiste em parte da sociedade, exigindo acções educativas e campanhas de sensibilização contínuas.

 A influência da opinião pública

Quando questionados sobre se os estereótipos dificultam a liderança feminina, 42% dos jovens concordaram que a sociedade ainda espera que apenas os rapazes sejam líderes, ou que só com mudança cultural as raparigas serão aceites. Em contrapartida, 39% acreditam que as raparigas têm voz e podem mostrar o que valem, e 19% afirmam viver em comunidades onde há igualdade de tratamento.

Estes dados reforçam a importância de criar ambientes que valorizem a participação das raparigas, promovam a igualdade e combatam os preconceitos que limitam o seu crescimento.

 

Meninas na linha da frente da mudança

O inquérito SMS Jovem mostra que as meninas angolanas têm potencial, coragem e visão para liderar, mas precisam de espaço, apoio e reconhecimento. A juventude está pronta para romper com os estereótipos e construir uma sociedade mais justa, onde liderar não depende do género, mas da capacidade de transformar realidades.

Como afirmou Catherine Russell, Directora Executiva do UNICEF:

“As raparigas adolescentes são uma força poderosa para a mudança global. Com o apoio certo no momento certo, elas podem ajudar a cumprir os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável e remodelar o nosso mundo.”

Neste Dia Internacional da Menina, que possamos ampliar as suas vozes, investir na sua formação e garantir que estejam na linha da frente , não apenas das crises, mas das soluções.

Veja pelos números como nós estamos engajando as vozes da juventude para mudanças sociais positivas.
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