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HISTÓRIA
16 Dias de Activismo: Uma chamada à acção contra a violência baseada no Género

A violência contra mulheres e raparigas continua a ser uma realidade alarmante, ameaçando o bem-estar e os direitos humanos em Angola e no mundo. Dados do Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde (IIMS 2015-2016) revelam que 1 em cada 4 mulheres (25%) entre os 15 e os 49 anos e 20% dos homens consideram justificável que um marido agrida a sua esposa em determinadas circunstâncias. Além disso, dados mesmo Inquérito dão conta que 26% das raparigas entre 15 e 19 anos foram vítimas de violência física, enquanto 10% das mulheres entre 20 e 24 anos sofreram violência sexual. Apesar da gravidade do problema, a resposta continua limitada: apenas 2% das pessoas que sofreram violência recorreram a serviços médicos, 7% à polícia e 3% a serviços sociais.

No âmbito dos 16 Dias de Activismo Contra a Violência Baseada no Género, que decorrem entre 25 de novembro e 10 de dezembro, jovens angolanos/as juntaram-se à causa através da plataforma SMS JOVEM, dinamizada pelo Ministério da Juventude e Desportos em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) com o apoio da companhia de telefonia móvel UNITEL.

 Um inquérito realizado pela iniciativa, com mais de 7.900 participantes, trouxe à tona dados alarmantes e reveladores sobre a visão dos jovens

Segundo o inquérito, 65% dos/das jovens afirmaram conhecer pelo menos uma mulher ou rapariga vítimas de violência. Esta prevalência, reconhecida por 69% das jovens do género feminino e 63% dos jovens do género masculino, sublinha a dimensão do problema. Por outro lado, 35% declararam não conhecer nenhuma sobrevivente da violência, com disparidades de género evidentes: 31% entre as jovens do género feminino e 37% entre os jovens do género masculino. Esses números reforçam a necessidade de educar e envolver toda a sociedade, promovendo debates inclusivos que desafiem normas prejudiciais e encorajem o reconhecimento e combate à violência.

Entre as causas da violência, 36% dos/das participantes apontaram a falta de educação, seguida por crenças culturais prejudiciais (24%) e insuficiência de leis efectivas (19%). Estes factores interligados criam um contexto permissivo, onde a violência é tolerada ou ignorada. Para transformar esta realidade, é imprescindível investir na educação comunitária, desconstruir mentalidades e garantir a responsabilização de agressores.

As formas mais relatadas de violência incluem a física (36%), a psicológica e a sexual, esta última muitas vezes pouco denunciada devido ao estigma e ao medo associados às denúncias. Quando procuram ajuda, 51% das vítimas recorrem à polícia, enquanto apenas 19% mencionaram serviços como a Linha SOS Criança. Estes dados destacam a necessidade de fortalecer e divulgar mecanismos de apoio, promovendo um ecossistema de serviços acessíveis e confiáveis. Tal como mencionado anteriormente, os dados do IIMS 2015-2016 já apontavam para uma resposta limitada por parte das vítimas (apenas 2% das mulheres que sofreram violência física e/ou sexual recorreram aos serviços médicos, 7% à polícia, e 3% aos serviços sociais.), o que reforça a urgência de melhorar a visibilidade e a eficácia dos serviços disponíveis, garantindo que mais pessoas tenham acesso a apoio e protecção.

Apesar dos desafios, há motivos para ter esperança. O inquérito revelou que 32% dos/das jovens acreditam que educar as comunidades é essencial para prevenir a violência, enquanto 26% destacam a importância de desafiar comportamentos prejudiciais. Essa percepção está alinhada com iniciativas em curso. Por exemplo o UNICEF, apoia o Governo de Angola numa iniciativa de mentoria de raparigas-para-raparigas em Viana, onde, além de aprenderem sobre saúde sexual e reprodutiva (SSR), as participantes exploram temas como violência baseada no género, acesso a serviços, os seus direitos e apoio psicossocial (MHPSS). Estamos também a reforçar os mecanismos de encaminhamento, com a disseminação e implementação de Fluxos e Procedimentos Operacionais Padrão (PoPs) para a protecção contra a violência baseada no género (VBG) e protecção infantil, bem como a desenvolver um mapeamento abrangente dos serviços disponíveis. Adicionalmente, uma iniciativa de capacitação está em andamento para dotar os actores judiciais e as forças de segurança das competências necessárias para gerir eficazmente casos de violência sexual, com um enfoque centrado na/o sobrevivente."

Os 16 Dias de Activismo Contra a Violência Baseada no Género são mais do que uma campanha; são um apelo à acção colectiva. Cada pessoa – independentemente do género – tem um papel crucial na construção de comunidades seguras e inclusivas.  

Que os dados apresentados inspirem mudanças reais e sustentadas. O futuro que queremos é um onde ninguém viva com medo, mas sim com dignidade, respeito e liberdade.

 

Veja pelos números como nós estamos engajando as vozes da juventude para mudanças sociais positivas.
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