O mundo comemora a 8 de março o Dia Internacional da Mulher para promover a
igualdade de género e reconhecer as conquistas das mulheres. Este ano, os jovens
associados à plataforma SMS Jovem fizeram ouvir as suas opiniões sobre como a
vida das mulheres e raparigas mudou nos últimos 15 anos no país, e para saber
como dar continuidade ao progresso.
Mais de 9.000 jovens de diferentes partes do país partilharam as suas
opiniões sobre a educação das meninas, participação na tomada de decisões,
liderança, oportunidades de emprego e combate à violência baseada no género.
Esta pesquisa ajuda a entender como a juventude angolana avalia as conquistas e
que medidas são essenciais para acelerar o progresso das mulheres e meninas no
país.
Quando questionados sobre se a vida de mulheres e meninas nas suas
comunidades melhorou nos últimos 15 anos, quase 50% dos entrevistados disseram
que sim, significativamente (18%) ou moderadamente (32%). No entanto, 34% dos
jovens disseram que a situação piorou, enquanto 16% não notaram nenhuma
mudança. Ao desagregar os dados por sexo, percebe-se que a maioria dos que
apontaram que a situação piorou são do sexo masculino.
Andreia, 23 anos, do Huambo, partilhou que "a sua vida melhorou um
pouco, principalmente na educação. Hoje há mais meninas a estudar e algumas até
conseguem empregos. Mas ainda há muito a mudar, principalmente na maneira como
os homens tratam as mulheres."
Quando questionados sobre a principal mudança positiva para mulheres e
meninas nos últimos 15 anos, 33% dos jovens apontaram para um maior acesso à
educação. Tatiana, 22 anos, de Malanje, destacou que "a maior mudança
positiva para nós, mulheres e meninas, foi estudar e trabalhar. Hoje, as
mulheres têm mais oportunidades de estudar e trabalhar do que antes. Isso nos
ajuda a ter uma vida melhor e mais independente."
Os jovens (cerca de 27%) apontaram ainda a maior participação das mulheres
na liderança e na tomada de decisões como uma área significativa de
melhoria.
"As mulheres estão cada vez mais presentes nos espaços de poder,
influenciando políticas e decisões que impactam directamente as suas
vidas", afirma Mateus, de 19 anos, de Benguela, que vê mais mulheres em
posições de liderança. "Hoje, temos ministras, empresárias e mulheres que
tomam decisões importantes. Isso é um bom exemplo para a nova geração",
acrescenta.
Quando questionados sobre o que ainda representa um grande obstáculo para
mulheres e meninas, 48% dos jovens dizem que a gravidez na adolescência e o
casamento infantil constituem ainda um grande obstáculo. Muitas meninas
abandonam a escola por causa disso, e isso compromete o seu futuro.
A jovem Joana, de 18 anos, do Bié, acredita que "várias das minhas
amigas tiveram de abandonar a escola porque engravidaram cedo, e o apoio da
família e da comunidade é essencial para que regressem à escola".
Outro grande desafio apontado por 38% dos jovens é a falta de emprego e
oportunidades de estudos superiores. Apesar dos avanços, ainda há um longo
caminho a percorrer para garantir que as mulheres tenham acesso igualitário ao
mercado de trabalho. Carlos, de 24 anos, de Luanda, sublinhou que "muitas
mulheres querem trabalhar, mas enfrentam dificuldades em encontrar emprego ou
são preteridas a favor dos homens".
Os jovens também reconhecem o seu papel na construção de um futuro mais
igualitário. As suas ideias incluem denunciar ou falar quando veem violência de
género; e apoiar as mulheres nos seus esforços. Carlos, de 24 anos, do Namibe,
disse que "pequenas atitudes, como tratar as mulheres de forma igual e
incentivar a sua participação, fazem toda a diferença".
"Os meninos também precisam mudar a maneira como tratam as mulheres.
Pequenos gestos, como respeitar a opinião das meninas, apoiar seus sonhos e não
reforçar preconceitos, fazem a diferença" considera Adalgisa, 22 anos,
Luanda.
João, 25 anos, do Uíge sente que os rapazes compreendem a importância da
igualdade de género, mas ainda há atitudes que precisam de ser mudadas. Ele
acrescenta que "há homens que apoiam, mas alguns ainda colocam barreiras.
Eles sentem que uma mulher não pode ser sua chefe ou ganhar mais do que seu
marido. Ainda temos um longo caminho a percorrer."
A visão dos jovens angolanos expressa por meio da plataforma, está de
alguma forma alinhada a visão global destacada no mais recente Relatório global
denominado “Metas das meninas: O que mudou para as meninas?”, produzido pela ONU
Mulher, a Plano Internacional e o UNICEF.
O Relatório divulgado recentemente reconhece o potencial que as raparigas
têm para o futuro e destaca os numerosos esforços que tiveram um impacto na
melhoria da situação das meninas ao longo dos últimos anos. Contudo relembra
também a importância de se fazer um balanço dos progressos de todos os
investimentos nas meninas para informar futuras intervenções em áreas chave
para o seu desenvolvimento como a educação, protecção contra todas as formas de
violência e a saúde, por exemplo.
Nas palavras da Dra. Joannie Marlene Bewa, uma eminente defensora dos
direitos de saúde sexual e reprodutiva das mulheres - "Ser uma jovem
africana não é um obstáculo a ser superado, mas uma força a ser
reconhecida".
O SMS JOVEM é uma plataforma digital, onde os jovens partilham as suas
opiniões através de serviços de mensagens simples e gratuitos disponibilizados
pela UNITEL. Trata-se de uma iniciativa dinamizada pelo Ministério da Juventude
e Desportos desde 2020, com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a População
(UNFPA) e o Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF). Para se juntarem a plataforma, basta enviar, a partir do seu telemóvel, uma
mensagem para o número 140 com o texto JUNTAR.